Rio de Janeiro,
03
Junho
2019
|
17:32
Europe/Amsterdam

Para metade das brasileiras, desigualdade de gênero no setor de tecnologia começa no recrutamento

Booking.com revela que barreiras à diversidade na área restringem a entrada das mulheres na indústria

De acordo com nova pesquisa global da Booking.com, uma das maiores empresas de e-commerce de viagens no mundo e líder em tecnologia digital, metade das mulheres brasileiras que trabalham no setor tecnológico (51%) diz que a desigualdade de gênero durante o processo de recrutamento as restringe de entrar na indústria.

Apesar dos esforços que o setor tem feito para aumentar a representatividade das mulheres e das minorias no mercado de trabalho tecnológico, a pesquisa mostra que os desafios que surgem já nas etapas de recrutamento podem estar desencorajando as mulheres a se candidatarem para vagas na área. Inclusive, estudantes universitárias brasileiras interessadas na carreira tecnológica (66%) são as que sentem o maior impacto dos desafios impostos pela diferença de gênero durante o processo de recrutamento. Isso significa que as empresas de tecnologia podem estar rejeitando a mão de obra feminina antes mesmo de elas terem a oportunidade de mostrar ao que vieram.

“Grande parte da discussão envolvendo as melhorias quanto à diversidade de gênero no setor de tecnologia tem focado naquilo que a indústria, o sistema educacional e os governos podem fazer para que mais garotas e jovens mulheres se interessem por temas sobre STEM (do inglês: Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) logo cedo e durante a carreira no setor tecnológico,” comenta Gillian Tans, CEO da Booking.com. “Nossa pesquisa destaca como as práticas de recrutamento adotadas pelas empresas de tecnologia são fundamentais para inserir as mulheres no setor. Isso inclui o que é divulgado sobre a indústria, as descrições das vagas oferecidas e as oportunidades existentes. Essas descobertas são particularmente significativas se considerarmos que 51% das mulheres ao redor do mundo acreditam que as práticas de contratação que atraem mão de obra mais diversificada são as que mais contribuem para seu sucesso no ramo tecnológico”.

Comportamentos adotados na contratação estão afastando as mulheres, ao invés de atraí-las

Ao serem perguntadas especificamente sobre as práticas envolvidas no recrutamento e identificação de talentos de empresas de tecnologia, as respostas de brasileiras atuantes no setor indicam como a indústria falha em descrever de forma detalhada - e consequentemente, em recrutar - a variedade de cargos e oportunidades que as carreiras no setor de tecnologia podem oferecer.

Partindo desse cenário, as descrições de vagas afastam cada vez mais as mulheres de se candidatarem para vagas que não exigem conhecimento técnico dentro do setor de tecnologia, com pouco mais da metade das brasileiras (52%) dizendo que as vagas de trabalho não são desenhadas levando em consideração a mão de obra feminina. Nossa pesquisa aponta que mais da metade das profissionais e estudantes de tecnologia no país (53%) acreditam que as empresas do setor tendem a falar mais sobre os cargos técnicos que envolvem codificação, design de produto, análise de dados e engenharia, ao invés de apresentar cargos não técnicos, que poderiam atrair igual interesse.

Um dado que reforça essa realidade mostra que quase três em cada quatro mulheres brasileiras no setor de tecnologia e estudantes interessadas em seguir carreira na área (74%) concordam que é necessário ter habilidades técnicas, ou um diploma em tecnologia ou ciência da computação para conquistar um emprego na área - independentemente de ser um cargo técnico ou não, em um departamento como Recursos Humanos, Financeiro, Jurídico e Marketing, por exemplo. Quando se analisam as regiões, essa crença é ainda mais forte em países como Índia (83%) e China (79%).

Quando se trata de ter uma trajetória profissional concreta dentro do setor de tecnologia, metade das mulheres do país (50%) sente que as oportunidades para que elas avancem em suas carreiras não são tão claras em um primeiro momento - outro fator que dificulta a entrada delas na indústria. Esse sentimento é ainda mais forte entre as estudantes do ensino superior (64%), o que mostra que o setor de tecnologia precisa fazer mais para destacar as oportunidades de crescimento disponíveis para as mulheres, antes mesmo delas ingressarem na indústria.

“As descobertas da nossa pesquisa reforçam a noção de que, durante anos, as empresas de tecnologia têm falado sobre a indústria e sobre os cargos oferecidos de uma maneira muito mais atrativa aos homens, mas têm desencorajado a mão de obra feminina, seja por causa da linguagem utilizada nas descrições de vagas ou durante o processo de recrutamento e contratação. É necessário assegurar que o processo de inscrição para as vagas conte com equilíbrio entre gêneros e seja inclusivo, já que ele é a porta de entrada de um funcionário e o cartão de visitas da empresa, e precisamos garantir que não estamos fechando as portas às mulheres ou as afastando logo no início do processo”, comenta Tans. “Como indústria, precisamos desempenhar um trabalho melhor quando se trata de chamar a atenção das mulheres para os inúmeros caminhos que elas podem trilhar, tendo escolhido a carreira no setor tecnológico”.

Uma vez contratados, homens e mulheres enfrentam experiências diferentes quando se trata de desenvolvimento e liderança

Ao serem perguntadas sobre as oportunidades de crescimento depois de terem entrado na indústria da tecnologia, mais de três em cinco mulheres brasileiras (65%) sentem que a expectativa é de que elas atendam a cada uma das exigências do cargo para que possam avançar, enquanto os homens tendem a ser promovidos com base no seu potencial futuro.

Além disso, mais da metade das brasileiras entrevistadas (59%) sente que atitudes e comportamentos que são vistos como positivos em colegas homens são considerados negativos em mulheres, e um número semelhante (55%) sente que elas não contam com oportunidades de crescimento e desenvolvimento suficientes.

 

 

Pesquisa encomendada pela Booking.com e conduzida de forma independente entre 6.898 participantes (do Reino Unido, Estados Unidos, França, Brasil, Países Baixos, Alemanha, China, Austrália, Índia e Espanha). Os entrevistados responderam uma pesquisa on-line entre 2 de agosto e 6 de setembro de 2018. Entre aqueles que responderam à pesquisa estão alunos do Ensino Médio e Superior entrando na área, em início de carreira ou profissionais experientes do mercado de tecnologia, além de pessoas retornando para o setor.